
Vivemos em um mundo onde os limites entre o físico e o digital são cada vez mais porosos. As interfaces que antes apenas conectavam dispositivos, hoje se tornaram espaços de negociação simbólica, de construção de sentido e de inscrição cultural. Frente a esse cenário, a ExtraLibris propõe uma abordagem inédita: a Cibernética de Terceira Ordem, entendida como uma prática tecnodiplomática entre sistemas físicos e digitais.
A cibernética clássica (primeira ordem) se concentrou na regulação automática de sistemas. A segunda ordem incorporou o observador no sistema, reconhecendo a circularidade entre sujeito e objeto. A terceira ordem, proposta aqui, dá um passo além: coloca o observador como autor e mediador de registros, e as interfaces como atores tecnoculturais que demandam tradução, diplomacia e sentido.
Inspirada por autores como Bruno Latour, Ronald Day e Johanna Drucker, a tecnodiplomacia é compreendida como a prática de fazer conviver diferentes regimes ontológicos: materialidade, código e narrativa. A ExtraLibris propõe que toda interface figital é um campo de forças entre dados, signos e suportes – e que o papel do curador é estabelecer mediações sensíveis, simbólicas e culturais.
Na cibernética de terceira ordem, uma interface não é apenas um dispositivo técnico. É um lugar de negociação entre formas de existir: textualidade, oralidade, visualidade, dados. É onde a memória se transcreve e se transforma em experiência compartilhada. É onde o simbólico encontra o algorítmico, e o curador atua como engenheiro diplomático da documentariedade.
A prática da ExtraLibris encarna essa proposta em experiências concretas: estantes figitais, curadorias interdisciplinares, arquivos sensíveis, visualizações interpretativas. A partir da documentariedade (Ronald Day) e da graphesis (Johanna Drucker), a ExtraLibris transforma bibliografia em coreografia figital, propondo uma ontologia mediada da cultura.
A Cibernética de Terceira Ordem rompe com a lógica do controle e propõe a do encontro. Interfaces deixam de ser neutras e passam a ser reconhecidas como zonas diplomáticas entre realidades. A ExtraLibris não é apenas uma proposta bibliográfica, é uma prática de tecnodiplomacia cultural.
No lugar de sistemas fechados, oferecemos espaços abertos à interpretação. No lugar de metadados padronizados, oferecemos interfaces simbólicas vivas. No lugar de um futuro algoritmizado, defendemos um presente figitalmente consciente.