“Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.” Esta é uma das aberturas mais famosas de todos os tempos, e ainda hoje impressiona a sabedoria concisa com que Tolstói introduz o leitor no universo de Anna Kariênina, clássico escrito entre 1873 e 1877. Muito do que o romance vai mostrar está contido nesta frase. A personagem-título, ao abandonar sua sólida posição social por um novo amor, e seguir esta opção até as últimas consequências, potencializa os dilemas amorosos, vividos dentro ou fora do casamento, de toda a ampla galeria de personagens que a circunda. O amor, aqui, não é puro idealismo romântico. Tolstói recupera todo um século de experiência russa, com episódios e personagens modelados a partir de pessoas reais, e aborda as principais discussões políticas, econômicas e filosóficas de seu tempo, ainda incrivelmente atuais. O livro se articula por meio de contrates: a cidade e o campo; as cidades de Moscou e São Petersburgo; a alta sociedade e a vida dos mujiques; o intelectual e o homem prático.”