
Snow (1959) escreveu um ensaio emblemático sobre dois tipos de tradição de pesquisa distintas na academia. De um lado as artes e humanidades, e as ciências naturais de outro:
Intelectuais literários em um pólo no outros cientistas, e como a classe mais representativa, os físicos. Entre os dois um abismo de mútua compreensão, às vezes (especialmente entre os jovens) hostilidade e desagrado, mas acima de tudo falta de entendimento (SNOW, 1959, p. 4).
Kagan (2009) em uma obra intitulada, “The Three Cultures” revistou o ensaio de Snow (1959) sobre as duas culturas, argumentando que a produção de conhecimento na academia atualmente opera em três culturas distintas. De um lado as ciências naturais, de outro lado as humanidades, e ainda as ciências sociais.
Os dois autores levantaram questões fundamentais para pesquisas sobre a utilização de plataformas de colaboração na academia. Quando pensamos em academia e fazer ciência, não é possível pensar em uma cultura homogênea comum a todos os pesquisadores. Ou seja, se a natureza do fazer pesquisa é distinta de acordo com cada uma das culturas, as formas de colaboração e o potencial uso de soluções da web aberta provavelmente também serão.
Sidler (2014) em sua pesquisa sobre a ciência aberta fez um resgate da discussão sobre estas tradições em pesquisa e ressaltou que:
Se o movimento para ciência aberta espera avançar entre todas as áreas do conhecimento e pesquisa, deve abertamente articular uma missão maior, que reconhece o impacto potencial das tecnologias de rede em todas as áreas do conhecimento e as distintas tradições em pesquisa. (SIDLER, p. 2014, p. 3)
A Figura 5, a seguir, foi criada para evidenciar que, de acordo com cada um dos tipos de tradições, existem critérios diferenciados para a qualidade da publicação, o que é mais relevante para um determinado campo e até a forma de avaliação.
Figura 5: Práticas de publicação das ciências e humanidades
Fonte: Opening Science, traduzido e adaptado pelo autor.
Pode-se perceber, na literatura, que a emergência do termo ciência aberta e a multiplicidade de questões envolvidas e relacionadas ao seu uso, e que a adoção do termo pelos autores não costuma ser representativa de todas as possibilidades em relação ao conceito. Mas tratam de problemáticas para a oportunidade de incorporação de novas ferramentas pelos pesquisadores.