• Menu
  • Pular para navegação primária
  • Skip to main content
  • EXPOSIÇÃO
  • BIBLIOTECA
  • EXTRALIBRIS
  • DISSERTAÇÃO
  • QUEM SOU
  • BUSCA
  • EXPOSIÇÃO
  • BIBLIOTECA
  • EXTRALIBRIS
  • DISSERTAÇÃO
  • QUEM SOU
  • BUSCA

Resisting Reduction: A Manifesto por Joichi Ito

Resisting Reduction: A Manifesto por Joichi Ito

Publicado no Journal of Design and Science, este manifesto de Joichi Ito é um chamado à resistência contra o pensamento reducionista, especialmente em relação à tecnologia, à inteligência artificial e à busca incessante pelo crescimento exponencial. Ito argumenta que a obsessão da sociedade por métricas simplificadas, como o crescimento financeiro e o poder computacional, nos cega para a complexidade e a interconexão dos sistemas dos quais fazemos parte. Inspirando-se na resiliência e diversidade dos ecossistemas naturais e nas advertências de Norbert Wiener, o autor propõe uma mudança de paradigma: de um foco no controle e na otimização para uma cultura de “florescimento”, participação e humildade perante a complexidade do mundo.

Ito critica a “religião” da Singularidade Tecnológica, que vê a superinteligência artificial como uma inevitabilidade transcendente, argumentando que essa visão é uma extensão da adoração ao crescimento exponencial e falha em reconhecer os perigos do reducionismo científico aplicado à sociedade. Em vez disso, ele advoga por uma “inteligência estendida”, onde humanos e máquinas se integram em sistemas complexos, e por um “design participante”, que reconhece o designer como parte do sistema. O manifesto conclui com um apelo à transformação cultural, impulsionada pelas artes e por uma nova sensibilidade que valorize a diversidade, a experiência rica e a harmonia com a natureza em detrimento da acumulação e do controle.

📘 Introdução: O Câncer da Moeda

Nesta seção, Joichi Ito estabelece o contraste fundamental entre a diversidade de “moedas” (processos metabólicos, moléculas) que operam nos ecossistemas naturais e a dominância de poucas moedas – principalmente dinheiro e poder – na civilização humana. Ele argumenta que os sistemas naturais evoluíram com miríades de moedas que se interconectam, criando sistemas complexos, autorregulados e resilientes. Em contraste, a nossa civilização, focada na acumulação de uma “moeda mestra”, tornou-se simples e frágil. Corporações, ao priorizarem o crescimento financeiro exponencial, perdem de vista suas missões originais e comportam-se de maneira análoga a células cancerosas, que buscam crescimento descontrolado em detrimento do organismo.

  • Ponto central: A redução da complexidade de valores a uma única “moeda mestra” (como o dinheiro) enfraquece a resiliência social e institucional, espelhando um sistema simplista em contraste com a robustez multi-valorada da natureza.
  • Exemplo marcante: A analogia das corporações que priorizam o crescimento financeiro exponencial com “células cancerosas” que “otimizam para o crescimento irrestrito e se espalham com desconsideração por sua função ou contexto”.
  • Conexão com ExtraLibris: Esta introdução ressalta a importância de a ExtraLibris cultivar uma diversidade de “moedas” de valor no acesso e na interação com o conhecimento. Em vez de otimizar apenas para métricas de acesso ou popularidade (uma “moeda mestra”), a plataforma pode fomentar a riqueza de conexões, a profundidade da reflexão e a pluralidade de perspectivas como valores intrínsecos, construindo um ecossistema de conhecimento mais resiliente e significativo.

📘 O Chicote que nos Açoita

Ito identifica “o chicote que nos açoita” como a crença de que existimos em prol do progresso, e que este exige crescimento exponencial e irrestrito. As megacorporações do Vale do Silício, descritas como “máquinas de bits”, são produtos dessa mentalidade, operando sob a influência da “nova religião” da Singularidade. Esta fé, segundo Ito, não é uma mudança de paradigma, mas a aplicação do culto ao crescimento exponencial à computação moderna, com a inteligência artificial como seu ápice. Ele critica a visão singularitariana de que a IA superará os humanos e resolverá todos os problemas como ingênua, apontando que mais computação não equivale a mais inteligência, apenas a mais poder computacional. O autor adverte contra o reducionismo científico aplicado à sociedade, lembrando horrores passados como o movimento eugenista.

  • Ponto central: A ideologia do crescimento exponencial e a fé na Singularidade tecnológica são manifestações de um perigoso reducionismo que ignora a complexidade e a necessidade de limites.
  • Exemplo marcante: A afirmação de que a Singularidade é “uma religião criada por pessoas que têm a experiência de usar a computação para resolver problemas até então considerados impossivelmente complexos para máquinas”, mas que fazem “saltos de fé baseados mais em trajetórias do que em verdades fundamentais”.
  • Conexão com ExtraLibris: A ExtraLibris pode atuar como um contraponto ao “chicote” do crescimento irrestrito e da simplificação tecnológica. Ao invés de apenas fornecer acesso rápido à informação (otimização), pode promover o pensamento crítico sobre o “progresso”, questionar narrativas de inevitabilidade tecnológica e valorizar a “irredutibilidade” do conhecimento humano e das experiências complexas, resistindo à subsunção de tudo à lógica computacional.

📘 Somos Todos Participantes

Nesta seção, Ito transita da crítica para a proposição de uma nova abordagem, fundamentada na cibernética de segunda ordem – a cibernética de sistemas complexos auto-adaptativos onde o observador é parte do sistema. Ele argumenta que problemas como mudanças climáticas ou pobreza não podem ser resolvidos com mais recursos e controle, pois são resultados de sistemas adaptativos complexos. Citando Kevin Slavin, “Você não está preso no trânsito – Você é o trânsito”, Ito enfatiza que somos participantes. Ele propõe pensar em “inteligência estendida” (humanos e máquinas integrados) em vez de “inteligência artificial” e advoga por um “design participante”, focado em aumentar a função de florescimento (vigor e saúde) em vez de escala ou poder. Intervenções devem buscar uma sensibilidade apropriada ao ambiente, mais como música do que como um algoritmo. Ele referencia Donella Meadows, destacando que mudar os objetivos e paradigmas de um sistema são as intervenções mais poderosas.

  • Ponto central: Devemos abandonar a postura de observadores/controladores externos de sistemas e assumir nosso papel como participantes, projetando para o florescimento e a adaptabilidade dentro de sistemas complexos e interconectados.
  • Exemplo marcante: A ideia de que “melhores intervenções são menos sobre resolver ou otimizar e mais sobre desenvolver uma sensibilidade apropriada ao ambiente e ao tempo. Desta forma, são mais como música do que um algoritmo”.
  • Conexão com ExtraLibris: A ExtraLibris pode ser concebida como uma plataforma de “design participante”. Os “participantes” (em vez de “usuários”) não apenas consomem, mas co-criam o ambiente de conhecimento. A curadoria e as interações podem ser vistas como “instrumentação” que “afina” o sistema, promovendo um florescimento de ideias e conexões, em vez de apenas otimizar o fluxo de informação. O objetivo não é controlar o conhecimento, mas cultivar um ecossistema onde diversas sensibilidades e saberes possam prosperar.

📘 Conclusão: Uma Cultura de Florescimento

Ito conclui com um apelo à criação de uma “cultura de florescimento”, que valorize uma diversidade de medidas de “sucesso” para além da acumulação de poder e recursos, priorizando a diversidade e a riqueza da experiência. Essa mudança de paradigma, segundo ele, permitirá uma sociedade altamente adaptável e evitará a exploração inerente a uma monocultura com uma única moeda. Ele acredita que essa nova cultura pode se disseminar através da música, moda, espiritualidade ou outras formas de arte. O autor se diz encorajado por jovens que questionam o significado da felicidade e o papel dos humanos na natureza, por iniciativas que priorizam o bem-estar humano no desenvolvimento da IA, e por práticas que celebram a renovação e a ciclicidade, como no Santuário de Ise. Ele espera uma nova “despertar” e uma transformação cultural que nos afaste do caminho autodestrutivo atual, rumo a um mundo onde “mais que o suficiente é demais” e onde possamos florescer em harmonia com a Natureza.

  • Ponto central: A transição para uma sociedade sustentável e significativa requer uma profunda transformação cultural que priorize o florescimento, a diversidade e a harmonia com os sistemas complexos, em vez da acumulação e do controle.
  • Exemplo marcante: A visão de um futuro onde “possamos florescer em harmonia com a Natureza em vez de através do controle dela” e onde o lema seja “mais que o suficiente é demais”.
  • Conexão com ExtraLibris: A ExtraLibris pode ser um agente ativo na promoção desta “cultura de florescimento”. Ao destacar narrativas, obras e conexões que celebram a diversidade de saberes, a riqueza da experiência humana para além do material, e a importância da harmonia ecológica e social, a plataforma pode inspirar uma nova sensibilidade. Pode ser um espaço onde os “participantes” encontrem e compartilhem inspiração para construir um mundo onde o “florescimento” substitua a mera acumulação como principal medida de valor.

“ExtraLibris®.